Paredes de concreto armado moldadas
in loco

Um sistema muito viável em larga escala

Visando conhecer in loco o sistema de construção baseado em paredes de concreto armado, um grupo de empresários e representantes de entidades do segmento de concreto (como ABCP, ABESC e IBTS) realizaram uma missão técnica, por uma semana no final de agosto, para a Colômbia e Chile. "O interesse pela viagem é explicado por uma avaliação de que o segmento da construção civil no Brasil tem preocupação especial pelas habitações de interesse social, uma vez que o déficit habitacional em nosso país chega a cerca de 8 milhões de moradias. Para que essa situação não se agrave há a necessidade de se adotar processos construtivos que possibilitem reduzir essa defasagem no menor prazo de tempo possível", avalia o eng. João Batista R. Silva, gerente do IBTS.

A viagem consistiu em encontros com empresários e técnicos do setor da construção civil e visita a uma série de obras, desde residenciais de pequeno e médio portes, até edifícios de 18 pavimentos, onde foi possível constatar que o sistema realmente é viável sob os pontos de vista técnico e econômico.

O sistema prevê a construção de habitações em paredes de concreto armado, e tem por objetivo fabricar casas e apartamentos numa velocidade muito grande, de forma econômica, durável e confortável. Esse sistema construtivo utiliza fôrmas leves monoportáveis, não necessitando de equipamentos pesados para sua movimentação dentro do canteiro de obra, sendo perfeitamente adaptável às características da nossa mão-de-obra.

As fôrmas são montadas na posição final das paredes. No projeto dessas fôrmas já são previstos os vãos para caixilharia e no seu interior são embutidas as instalações elétricas e hidráulicas. Sob o ponto de vista sistêmico, as paredes são armadas com telas soldadas e totalmente preenchidas com concreto dosado em central.

"Graças ao uso de um concreto com resistências maiores nas primeiras idades, o sistema permite uma desforma rápida, com 12 horas após a concretagem. Isso implementa grande velocidade à obra, que é uma das principais características do sistema", explica ao consultor da ABESC, eng. Arcindo Vaquero.

Esse sistema já foi utilizado no Brasil há muitos anos, mas praticamente desapareceu, até pela própria característica do mercado na época (não havia financiamento, não se tinha necessidade de velocidade enorme de construção e havia mão-de-obra abundante). Agora a realidade é oposta, sendo que hoje o sistema foi testado e aprovado por entidades, no que diz respeito a conforto térmico e acústico.

Segundo o eng. Ary Fonseca, da ABCP, "um dos possíveis gargalos para a viabilização do sistema - o custo inicial mais alto dos conjuntos de fôrmas - é totalmente amortizado pelo grande número de habitações que podem ser construídas com o reaproveitamento de um único conjunto, ou seja, é um sistema que se paga com o uso em escala".

"Naturalmente, quando se fala de construção em escala, o pensamento se dirige para conjuntos habitacionais, principalmente de interesse social. E realmente o sistema é especialmente indicado para essa situação. Com um grande diferencial: ele permite construções populares com alta qualidade construtiva e a possibilidade de um trabalho mais apurado do ponto de vista arquitetônico", comenta o eng. Arcindo. É preciso ficar claro que o processo não se restringe a esse tipo de moradia, sendo pos-sível construir residências de médio e alto padrão e até edifícios através desse sistema.

No último dia da viagem à Colômbia, o grupo participou de um workshop com os construtores colombianos, em que o sistema foi explicado detalhadamente, inclusive no que diz respeito ao dia-a-dia de obra. Os principais argumentos destacados pelos construtores são o excelente ganho de escala possibilitado por esse sistema construtivo e a velocidade de execução das obras.

Como reflexo dessa missão, o grupo de profissionais que participou da viagem já se reuniu depois da volta ao Brasil para formar grupos de trabalho (obre fôrmas, normas , mão-de-obra, concreto, telas soldadas etc), com o objetivo de reativar esse sistema construtivo em nosso país. O material produzido por esses grupos de trabalho será divulgado extensamente para o setor, a fim e difundir o conhecimento no mercado.

 

 
 
     
 
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