Peças já são utilizadas até na construção de passagens de nível

Apesar de já existirem no mercado brasileiro há cerca de 10 anos, as galerias celulares de concreto armado, cujas peças pré-fabricadas são comumente chamadas de aduelas, ainda são pouco conhecidas do grande público consumidor.

Em termos práticos, as aduelas são uma excelente alternativa para canalização de águas pluviais em relação aos já eficientes tubos de concreto, nas situações em que estes já não são perfeitamente adequados, tanto em termos de desempenho, quanto de custos. É o caso, por exemplo, de trechos de bacias hidrográficas em que a vazão exija a utilização de mais de um tubo.

Comparativamente, os tubos de concreto normais possuem diâmetro até 2,0 m. Acima disso, são necessários tubos especiais, com características e preços diferenciados. É aí que entram as aduelas, que atingem larguras de até 4,5 m, por cerca de 3,5 m de altura. As aduelas podem ser encontradas em três tipos:
. aduelas abertas (em formato de U, V ou L) - indicadas para canais a céu aberto;
. aduelas fechadas (quadradas ou retangulares) - adequadas para situações enterradas, tais como tubos;
. aduelas ovóides (feitas especialmente para suportar altas carga) - utilizadas em situações onde existem altos aterros.

Segundo a especialista na fabricação de aduelas, eng. Elizabeth Aparecida Ferreira, da Triângulo Engenharia e Consultoria, outra vantagem das aduelas é que não precisam trabalhar com muita espessura de aterro, podendo até mesmo em alguns casos serem utilizadas sem aterro, funcionando como lajes.

"Isso ocorre porque a aduela é calculada como uma peça estrutural. O produto ainda não é normatizado, mas estamos atuando juntamente para esclarecer tanto fabricantes quanto consumidores sobre as indicações corretas do produto. Nós também estamos tentando padronizar uma modulação de largura e altura a cada 0,5 m, com comprimento de 1 m, e que se possa fornecer a carga máxima que a aduela pode suportar. Um ponto importante é que toda aduela, por se tratar de elemento estrutural, deve ter um projeto para cada uso". Esse trabalho de elaboração das normas sobre aduelas vem sendo desenvolvido pela ABTC, sob coordenação do eng. Luiz Henrique Sales Sartori, com a elaboração de projetistas, empresas e diversas entidades do segmento de construção, como IBTS e ABCP.

As aduelas são fixadas pelo sistema de encaixe macho-fêmea, com total capacidade de vedação. O fato de serem produzidas com 1 m de comprimento também é favorável, pois as ligações funcionam como juntas, uma vez que o concreto normalmente dilata e retrai.

Ao contrário de outros produtos, as aduelas são produzidas somente por encomenda, depois de se analisar o projeto estrutural da obra. O concreto das aduelas deve apresentar especificação de fck de, no mínimo, 32 MPa e ter sua resistência permanentemente acompanhada através de ensaios de laboratório.

A tela soldada é utilizada na armadura e considerada parte fundamental na fabricação das aduelas. "As telas facilitam porque se a armadura fosse feita com barras de aço, a demora na montagem dessas peças seria muito grande. No caso das telas trabalha-se com uma armadura industrializada, que chega pronta na indústria que irá produzir produzir as aduelas, restando apenas o corte nas dimensões e a dobra para montagem da seção, de acordo com o projeto estrutural", explica a engenheira.

Na avaliação de Elizabeth Rischi, "para viabilizar a fabricação de aduelas, é necessária a produção de várias peças por dia. Esse objetivo só é atingido com facilidade na montagem, na execução e a garantia da qualidade do produto, o que é facilmente conseguido com a tela, que é uniforme, tem espaçamentos corretos, sem qualquer possibilidade de falha, o que me dá garantias de colocação dessa ferragem Ela vai estar colocada no local exato onde eu preciso, evitando ao máximo a possibilidade de fissuração".

Outro bom resultado que pode ser obtido com a tela é a possibilidade de substituição das barras de aço por telas soldadas nos reforços de canto, utilizando-se para isso as pequenas sobras da própria tela racionalizando os cortes.

Até hoje ainda se trabalha , principalmente nas estradas, com galerias para águas pluviais feitas no próprio local. Esse processo dificulta a execução, porque é necessário contar com uma quantidade grande de funcionários para preparar toda a armação e as fôrmas laterais, aumentando em muito o tempo para a conclusão dessa obra. No caso das aduelas, as peças já vêm prontas, de maneira uniforme, são encaixadas com facilidade, utilizando-se pouca mão-de-obra e liberando a obra rapidamente.

A ampla variedade de utilizações das aduelas chega ao ponto de essas peças já terem sido usadas até mesmo deitadas, como fôrmas para base de torres de distribuição de energia elétrica de alta tensão, em locais de difícil acesso.