Estação da Luz é pólo de integração ferroviária

O Governo do Estado de São Paulo está desenvolvendo um importante programa de integração dos sistemas de trans-portes por trilhos na capital paulista.

O Projeto Integração Centro, com obras em pleno andamento, interligará as Linhas E e F da CPTM (Cia. Paulista de Transportes Metropolitanos), na zona Leste, às Estações Luz e Barra Funda, no centro de São Paulo, sem a necessidade de transferências.

Com o Projeto, o Governo pretende revitalizar o centro e ampliar a mobilidade da população, por meio da ligação de alguns dos principais bairros da região central aos pontos extremos da região metropolitana, como Suzano, Poá e Mogi das Cruzes. Atualmente, os usuários chegam somente até a Estação Brás. Em um trecho de 6 km, a CPTM interligará suas seis linhas de trem com a Linha 1 (Norte-Sul) do Metrô e com a futura Linha 4 (Luz-Vila Sônia), transformando a tradicional Estação da Luz no principal pólo de integração do sistema de transporte sobre trilhos no Estado de São Paulo.

Para viabilizar esse projeto, diversas obras estão sendo realizadas, com destaque para as mudanças na Estação da Luz, que terá saguões subterrâneos dimensionados para um fluxo de até 500 mil usuários do Metrô e da CPTM, em contraponto aos atuais 100 mil usuários/dia. De modo a facilitar a transferência entre trem e Metrô, a CPTM construirá galerias, novos acessos, escadas rolantes e elevadores para deficientes físicos.

O interior da estação, área da "gare", será preservado. Plataformas, esquadrias de ferro, passarelas, galerias e outros detalhes da arquitetura clássica serão reconstituídos, de acordo com as características originais do século XIX. Por envolver áreas tombadas pelo patrimônio histórico, todo o trabalho está sendo feito com o acompanhamento permanente de entidades do setor e da Promotoria Pública.

As obras, que estão sob responsabilidade de um consórcio liderado pela Construtora Andrade Gutierrez, também propiciarão uma integração cultural, por permitir um acesso direto à sede da Pinacoteca do Estado. Os projetos arquitetônico e estrutural foram desenvolvidos pelo escritório Figueiredo Ferraz.

A primeira parte das obras na Luz teve início em agosto de 2001 e foi concluída em julho de 2003. Essa fase compreendeu o reforço de todas as fundações da estação. Foi feito um trabalho de sub-fundação, porque na estação só havia fundação direta, uma vez que na época em que ela foi construída não existia o estaqueamento.
" Verificamos que era impossível construir os saguões, escavando numa área em que as estruturas tinham fundações diretas. Então foi preciso reforçar as mesmas, transferindo as cargas das estruturas metálicas da estação para essas novas estacas, foram feitas contenções com parede diafragma e estaca raiz ao longo de todo o contorno dos saguões", explicou o eng. Anuar Benedito Caram, gerente de contrato da obra.
Uma das principais dificuldades encontradas pelos construtores é que a estação não pôde ser interditada, por não haver como transferir o público, e pelo fato de a estação ser um ponto de circulação permanente de carga para a capital e o interior do Estado.
" A opção pela estaca raiz nas fundações se deveu principalmente pela necessidade de se evitar vibrações. A estaca hélice contínua também foi descartada em virtude da limitação de pé direito, por conta dos mezaninos existentes em toda a área da estação. Essas limitações fizeram com que nossa produtividade fosse reduzida. Se, normalmente, é possível fazer 4 estacas raiz por dia, nessa obra executamos uma a cada 24 horas", avalia o engenheiro.

Outro problema é que todo o transporte de equipamentos para a construção teve que ser feito por via férrea e os trabalhos foram realizados prioritariamente no período da madrugada.
Já na segunda fase da obra, foram feitas as escavações e construídos os dois saguões, que têm pé direito de 3,80 m e ocupam uma área de pouco mais de 3.000 m2. Essa etapa teve início em agosto de 2003 com previsão de término em maio próximo.

O concreto utilizado em toda a obra tem especificação de fck de 25 MPa, com slump entre 15 e 18, utilização de aditivo plastificante, aplicado totalmente através de bombeamento.
Segundo o eng. Caram, um ponto importante para o bom desenvolvimento do trabalho foi a logística para fornecimento do concreto. Houve uma preocupação grande com a reação isotérmica do concreto. Por conta disso, todas as concretagens foram realizadas no período noturno. Ao todo foram utilizados na obra cerca de 20 mil m3 de concreto.

As telas soldadas foram usadas em todas as contenções com estacas, no túnel para acesso de portadores de necessidades especiais, nos shafts, e nas proteções mecânicas da manta que fica abaixo do piso dos saguões.
" A utilização da tela se justificou principalmente pela velocidade oferecida, pela racionalização que proporciona a obra e facilidade de utilização. Essas características, aliadas a qualidade e uniformidade oferecidas pelas telas soldadas são fundamentais numa obra como essa, em que permanentemente estamos vencendo obstáculos", explica o gerente de contrato da obra. No total foram utilizados 20 t de telas soldadas.
O Projeto Integração Centro faz parte do Programa Integrado de Transportes Urbanos (PITU), da Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos (STM). O custo da obra é de US$ 95 milhões sendo US$ 50 milhões investidos pelo Governo do Estado e US$ 45 milhões financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

 

 
 
     
 
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