Piso destruído em incêndio é recuperado em concreto armado

Projetar o pavimento de concreto armado em um galpão com 2.800m2, localizado no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, poderia ser uma tarefa comum, mas acabou exigindo muito trabalho dos técnicos da Monobeton Soluções Tecnológicas, tradicional empresa de projetos no segmento de pisos e pavimentos e pioneira na especificação de pavimentos com grandes distâncias entre juntas (joint-less floor).

Isso por conta das características peculiares da edificação, parcialmente destruída por um incêndio ocorrido há cerca de 10 anos. Desde então, o prédio se manteve sem uso. O piso foi seriamente danificado em virtude da temperatura das chamas, da queda das telhas da cobertura e por ter ficado exposto às intempéries nesses anos todos.


Para a recuperação do galpão as soluções adotadas foram a execução de reforços nos pilares, que passaram por um processo de "envelopamento" em concreto, além da substituição das telhas de cobertura. No caso do piso, a Monobeton, responsável pelo projeto de restauração e acompanhamento da execução da obra, avaliou diversas possibilidades.

"A primeira opção seria a técnica do overlay, que baseia-se no conceito de fina camada de concreto aderido, mas verificamos que era inviável, porque a parte do piso existente estava estruturalmente comprometida pelo acidente, não havia homogeneidade de estabilidade. Além disso, essa região em que a obra está situada apresenta um solo muito ruim. Se fosse feito o overlay, teríamos espessuras muito grandes de concreto em alguns pontos e muito pequenas em outros, começando com 4cm e chegaríamos em alguns pontos com 12cm. E havia pontos do piso velho que não tinham capacidade de aderência, porque ele foi queimado na superfície e acabou calcinado", explica o eng. Paulo Bina, diretor da Monobeton.

Assim, a definição foi pelo sistema chamado sobrepiso, ou seja, a construção de um novo pavimento sobre o que restou do antigo piso. Inicialmente, foi feita uma limpeza profunda e a regularização do piso antigo com concreto com baixo consumo de cimento, objetivando torná-lo o mais homogêneo e plano possível. Só nessa etapa, foram utilizados 40m3 de concreto.
Em seguida, foi feito um isolamento com dois lençóis de polietileno (lonas plásticas), para garantir a descontinuidade das juntas do piso existente com o novo piso, além de reduzir o atrito do concreto novo com o piso antigo no momento de sua retração.

Depois disso, então, foi executado o pavimento de concreto que teve espessura nominal de 12cm, com variação pontual de 10cm a 18cm. Essa diferença se justifica porque o piso novo foi nivelado para corrigir as imperfeições do piso velho, que já apresentava deformações, até por conta das características do solo, do incêndio e do período em que ficou exposto.

O concreto utilizado no pavimento apresenta especificação de fck de 30 MPa, com resistência a tração de fctM,k 4,5 MPa, cimento CPII, e aditivos plastificante e super plastificante.
Na composição do pavimento utilizou-se ainda armadura superior (negativa) em tela soldada, para combater a retração e evitar o mapeamento das falhas do piso antigo, ou seja, não ter o risco de uma junta antiga ser filmada na superfície. Em alguns pontos foi utilizada armadura inferior (positiva) também em tela, porque nessa obra havia o risco de ocorrer empenamento das bordas. "Isso gerou grande preocupação e nós optamos por posicionar telas soldadas nas quinas e bordas das placas, como que criando uma moldura, impedindo que se tenha uma movimentação dessas bordas de forma indesejada. O mesmo aconteceu nas áreas que sofrem interferência de pilares, caixas de passagens e insertes", comenta o eng. Paulo Bina.

As telas soldadas utilizadas neste pavimento do tipo Q283 e Q138 são um pouco mais pesadas do que as que o mercado está acostumado a trabalhar. Esses cuidados também foram tomados levando em consideração as características da edificação e as possibilidades de sobrecarga a que o pavimento estará exposto, pois trata-se de edifício para locação, inclusive com a probabilidade de tráfego de empilhadeiras.

Segundo os construtores, além de cumprir o papel necessário para a armadura, a tela soldada proporciona, no caso de armaduras superiores, uma maior facilidade de posicionamento. "O trabalho é facilitado e os problemas minimizados. Quando se trabalha com amarração, se puxar uma barra, todas as outras se movimentam. Com a tela isso nunca acontece, se consegue um ótimo posicionamento e firmeza. Ela tem uma distribuição em toda a massa do concreto, não escapa da direção das juntas e permite estar sempre trabalhando no esquadro, ajudando inclusive a aferir se as coisas estão funcionando como o planejado. É uma forma de se ter uma autoferição do processo", avalia o diretor da Monobeton.

Na ligação das placas de concreto foram utilizadas barras de transferência de 16mm de diâmetro, posicionadas na linha neutra do piso a cada 30cm. O pavimento de concreto foi executado numa seqüência de faixas alternadas, visando evitar a quebra na retirada das fôrmas. As juntas forma preenchidas com epóxi semi-rígido, nas áreas que podem sofrer tráfego, e mastique de poliuretano, nas demais áreas.

O piso foi nivelado com régua vibratória e em seguida realizado espargimento com agregado de alta resistência, na proporção de 3,5kg/m2, para promover uma maior resistência superficial. A planicidade e o espelhamento do piso foram obtidos com a passagem de acabadoras simples e dupla. Finalizando, na curado concreto, foi empregada uma camada de agente de cura acrílico na superfície do piso, que também garante o efeito de brilho por mais tempo.

O trabalho completo de recuperação do piso do galpão levou apenas 15 dias para ser executado.

 

 
 
     
 
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